31 de out. de 2007
Morri...
Assumo que não estou vivo
Já não rolo pelo chão,
Não canto na chuva,
Não sorrio e nem vejo
Morri....
Assumo que não vivo
Morri e nem lembro o dia
Não lembro se chovia
E nem se eu ria
Morri... E nem lembro o dia
Sei já não vivo
Não lembro
Não ando
Não amo
Não sofro
E nem sou ferido
Morri e nem percebi se doía...
Morri e não sei se existe alguém triste
Não lembro...
...que agonia
Quanta ironia,
Não sabia que morto sentia...
Diego fraga ( splinter)
28 de out. de 2007
O Di Giorgio solitário.
12 de novembro de 2006.
Aproximadamente nove e cinco da noite. Adal e Donat ensaiavam junto, o sonho.
- Peraê que vo ver porque as luzes se apagaram. Acho que foi de propósito. –Disse Adal levantando-se.
- Tá valendo! Num demora não, por que se demorar podemos esquecer o aranjo.
Na verdade, essa não era a grande preocupação de Donat, mas sim, ele não se ver protegido no escuro, sente medo.
- Que nada! Tem como esquecer não. –Então Adal foi verificar a energia.
Donat com seu violão Di Giorgio empenhava-se ao Maximo numa canção de sua autoria. Cantar sempre lhe tirava a visão do escuro, deixava então de sentir um terror imaginário. Ecoava uma voz acutíssima e rouca no manto de escuridão que encobria a oficina. A ressonância do amor platônico de Donat misturava-se ao cheiro de madeira, cigarro, maconha e dos dóceis cahorros que jaziam por ali.
A canção solitária acaba-se, momento em que Donat concebe seu amor numa outra frase: “Sou um mundo equivocado avocando o amor”. Frase que lhe põe de volta a escuridão da oficina.
Retira do bolso mais um cigarro, traz na outra mão um celular cheio de luz e mensagens, e põe-se a procurar pelo fósforo. Assim que acha o fogo para o cigarro, acha também o vulto, companheiro teu, presente no teto preto passado. Declama para os olhos do cão que lhe olha carente postado entre suas pernas: “Faça-se luz! E assim se fez” E o fósforo obedece-o, a luz do âmbito não.
Tateando com o único auxilio da chama do cigarro, volta-se para janela tentando pela fresta entender o falatório agitado do portão. Deu pra se ouvir os passos exaltados de dona Pomposa, e a sua voz que, beirava o irritante.
- Não, claro que não há permissão. –Pomposa aos brados.
- Meu querido, solte ela! –Adal socando-os
Ai, o grito penoso da ex-professora foi como uma rajada de angustia. Deu pra traduzir isso em seu gutural. –Berrava inflamada: “Adaaal”!
Os tiros seguidos e brasantes atingiram Adal, que antes ao grito de dona Pomposa, estava a socar rosto de uns dos policiais que rendia a caridosa professora contra a árvore escamosa e áspera.
Logo se via ao chão um talentoso, criativo e original musico. Derramada ali, junto ao ainda aquecido corpo, estava sua palheta cor branca, feita de material pvc, moldada ao teu bel-prazer. Com ela, minutos atrás, ouvia-se na claridade da antiguada oficina melódicas e harmoniosas canções, transpostas do plano interior à guitarra, maravilha que talvez não torne a ser escutada, não nesta cidade, onde todos caminham apressadamente para o óbvio precipício.
(Adrivan .M. Henrique.)
26 de out. de 2007
Dez mil demônios sorridentes
Deitava-me cansado e aguardava a redenção
Traga-me de volta.
As promessas efusivas sussurradas noite adentro
esquecidas por garotas
sombrias
na noite
que pode-se chamar,
talvez,
Mais-que-Fria,
Traga de volta agora.
Eu estou desesperado:
Já não há mais combustível pra mover este motor
Já não há mais memória pra apoiar minha afeição
Já não há mais história pra guiar minha razão
Nenhum motivo pra cantar
Canção nenhuma.
Sinto um mundo que me governa e uma aurora que me espera,
Um coração que me bombeia e um espírito.
Também sinto às vezes que existem
Dez mil demônios sorrindo ao meu lado
Mas estou sozinho.
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Dante