O olhar do Faraó
Mira o deserto
Um Rei sem coroa
Dança chamando a Lua
Na rua um desapego pelo passado
Passa de ônibus
Em frente a um shopping
As pirâmides se foram
Suas perfeitas formas
Já não cabem nesse mundo
Essa é a era dos quadrados
Retângulos
E todos esses tipos de quadriláteros
De ferro
Chumbo
Vidro
Vigias e aço
O velho Faraó perdeu o olho
Em uma aposta com um rico empresário de Vegas
E o Rei,
Que já não tinha coroa,
Agora não tem nem roupas
Vive sujo e maltrapilho
Num viaduto de São Paulo
Mas sem perder a nobre nobreza
Continua dançando, bêbado, para chamar a Lua.
Na rua deserta de Homens
O desapego agora passa de táxi
Uma velha canção de Força
Que outrora era entoada
Por orgulhosos Índios
Agora é vendida,
Ou
Trocada,
Por novos e fodidos Índios
Sem esperança e sem passado,
Quiçá futuro,
Em uma fitinha K7
Para um Pobre ouvir em seu velho carro
Passa novamente o desapego
Agora com um conversível
Em direção à praia
Os Reis morreram
E o mesmo para os Faraós
Também os Imperadores
Não há mais mitos
E as belas canções foram esquecidas
De um moderno Aeroporto
O desapego sai em férias
Permanentes
Para uma praia num Paraíso Fiscal
No seu novo Jatinho
Diego Mr. Splinter